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9 março 2019

"Negação da exclusão"

por Luís Larcher (Diretor da Revista)

O ritmo do tempo deste Papa é tão vertiginoso, tão marcante, tão desafiante que a Igreja - e a humanidade - rapidamente vai descobrir que tem, finalmente, condições para dar o passo em frente para o século XXI e para o regresso à fonte da sua autenticidade e fé em Cristo.

O modelo sinodal foi o ponto de partida para uma Igreja em escuta de Deus e profética no ousar trazer a pessoa para a centralidade do debate político-eclesial. Todos receberam o batismo, todos receberam o sacerdócio comum, todos, em conclusão, receberam uma experiência de vida e de fé que é importante para responder aos desafios, e às dificuldades, do nosso tempo. Sem exclusão!

Foi contra esta exclusão que Francisco se rebelou. Não basta as assimetrias sociais para diferenciar as pessoas, ou a cultura de diferenciação, de facto, do género, o pior é o clericalismo que reduz a inspiração e a iluminação divinas a favor do poder. E numa Igreja clerical, replicam-se, a todos os níveis, os tiques e os assomos de poder. A respeitabilidade da/na Igreja viria do poder, não do serviço.

Os problemas da Igreja são sistémicos, pelo que as soluções para os problemas têm de ser convergentes para todos fiéis, cada qual ao nível do seu serviço e dons. E se a cimeira sobre a proteção de menores e a Declaração de Abu Dhabi têm impacto global, a abertura aos casais divorciados e aos jovens, a importância aos migrantes e aos pobres, a qualidade da Eucaristia e da Oração, moldam o caráter e a consciência critica dos cristãos.

Francisco tem ousado, tocado em feridas abertas, em desilusões, tem incluído e desafiado a mudanças. Para quê? No velho profetismo da desgraça, em que denunciar é politicamente correto e leva às simpatias dos de fora? Não, para ser exemplo para o mundo. Para este mundo, concreto, em que parece não haver soluções. A lufada de ar fresco do Papa é a certeza de que não há problemas insolúveis, só que as soluções não se encontram nos velhos esquemas ideológicos, políticos, económicos: encontram-se na dignidade da pessoa, no seu Absoluto Divino."

Revista 2019-Christus-07