Islão, património e gentrificação – Palestra com José Mapril (30 nov. ’23)

Anunciamos a próxima palestra do Seminário Permanente de Estudos Islâmicos, organizado pela Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, coordenado por Fabrizio Boscaglia, e cujo programa é possível consultar anexo a esta mensagem.

Praça-Mouraria: Islão, património e gentrificação

Palestra com José Mapril (CRIA – Universidade Nova de Lisboa)

Data e horário: 30 nov. ’23 às 18h (quinta-feira, hora de Lisboa)

Via Zoom, palestra online visível em direto através deste link (https://videoconf-colibri.zoom.us/j/88353084579).

Acesso livre, sem inscrição

RESUMO

Nos últimos anos, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou um projecto para a construção de uma nova praça na baixa de Lisboa – a praça-Mouraria. Este projecto incluirá a criação de um jardim e a transferência de uma mesquita já existente e insere-se num programa mais vasto de renovação urbana de uma zona do centro de Lisboa. Qual é a história do projeto e quais atores estiveram envolvidos? E quais são os discursos, a favor e contra, que mobiliza? A resposta a estas questões permite-nos revelar como o projecto arquitectónico, a sua concepção e os seus discursos potenciam uma assemblagem que conecta património, religião, secularismos e processos de renovação urbana e religiosa. Com base em entrevistas com associações islâmicas, políticos locais, empresários e arquitetos, o argumento é que este projeto é de alguma forma metonímico da esfera pública e, portanto, um “espaço” onde a religião como património, a religião como prática e as secularidades são mobilizadas, negociadas e contestadas. Neste caso, o projeto mobiliza uma herança religiosa (al-Andalus) como uma espécie de espaço vazio que cria as condições de possibilidade para ações e reivindicações de diferentes atores muçulmanos em relação à religião vivida e ao Islão público, remodelando, em certa medida, o lugar do Islão em Lisboa.

O ORADOR

José Mapril obteve o seu doutoramento em Antropologia no ICS, Universidade de Lisboa, com uma pesquisa sobre transnacionalismo e Islão entre bangladeshis em Lisboa. Actualmente é professor assistente no departamento de Antropologia da FCSH-UNL e investigador integrado no CRIA NOVA. Entre 2018 e 2021 foi diretor do CRIA. Os seus interesses de investigação são transnacionalidades, migrações, subjetividades, cidadania cultural, Islão(s) e muçulmanos, islamofobia e secularismos, interesses estes que têm sido abordados através de etnografias multi-situadas em Portugal, Bangladesh e Reino Unido. Actualmente, desenvolve pesquisa sobre re-migração, percursos de vida e percepções sobre o futuro entre Bangladeshis na Europa e sobre a relação entre processos de patrimonialização, Islão, muçulmanidade e cidadania cultural em Portugal.


O Seminário Permanente de Estudos Islâmicos é um ciclo de palestras na Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, coordenado por Fabrizio Boscaglia, em articulação com as atividades do centro de investigação LusoGlobe.

Para visualizar o Programa do Seminário Permanente de Estudos Islâmicos, clicar no cartaz anexo.

Curso «A Poesia do al-Andalus» por Fabrizio Boscaglia (nov. ’23)

Arranca no sábado dia 4 de novembro de 2023 o curso gratuito e presencial:

A Poesia do al-Andalus
Lecionado pelo nosso professor Fabrizio Boscaglia na Livraria-Galeria Municipal Verney em Oeiras, coorganizado pela Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona.
Programa das sessões:


A Poesia do al-Andalus

1. A poesia árabe e islâmica
2. Al-Mu’tamid e a poesia do Gharb al-Andalus (ocidente peninsular)
3. Poetas mulheres do al-Andalus
4. Sufismo e Poesia no al-Andalus

Inscrições abertas
: livraria.verney@oeiras.pt (214408329)
Mais informaçõe: v. imagem.

Apresentação de Paula Moura Pinheiro do livro “Maria Madalena, a Apóstola dos Apóstolos” de Maria Julieta Mendes Dias e Paulo Mendes Pinto

É com muito prazer que venho apresentar-vos o livro de Maria Julieta Mendes Dias e Paulo Mendes Pinto, “Maria
Madalena, a Apóstola dos Apóstolos”
Antes de dar conta daquilo que mais me encantou neste livro, impõe-se que estabeleça aqui um ponto prévio. É hoje
adquirido por grande parte dos historiadores que se dedicam a esta área de investigação que: Desde tempos imemoriais, a história do lugar das mulheres na sociedade foi a história das sucessivas tentativas de controlo masculino sobre o corpo feminino. Garantir a efectiva paternidade dos filhos que cresciam no ventre das
mulheres era um dos imperiosos objectivos. Desde logo, porque uma paternidade legítima tinha implicações patrimoniais.
Esta necessidade essencial terá condicionado muito da natureza do poder que se exerceu historicamente sobre o género feminino.
O medo atávico das mulheres que, durante milhares de anos, assombrou os homens, encontra num velho ditado a síntese perfeita: “os filhos das minhas filhas meus netos são, os filhos dos meus filhos, serão ou não.”
Ora, entre os diversos mecanismos para o exercício do poder, os mitos cumprem uma função preciosa: operam
profundamente, constroem por dentro a identidade dos indivíduos e, como no caso em apreço, fazem o subjugado
abraçar a inevitabilidade do seu estatuto subalterno. Na verdade, durante milhares de anos, a esmagadora maioria das
mulheres não pôs em causa a sua condição subalterna. Mais, na educação dos filhos, foi perpetuadora dessa condição.
As narrativas sobre Maria Madalena têm de ser entendidas à luz deste dado basilar: o corpo, a mente, a imagem, o lugar da mulher na sociedade tinham de ser controlados. E sabemos que o eram, absolutamente, no mundo em que Maria Madalena nasceu. Ser mulher era ser menor.
Como bem estabelecem de início os autores de “Maria Madalena, a apóstola dos apóstolos” é muito difícil fazer
História a partir de textos sagrados, de textos poéticos.
Julieta Mendes Dias e Paulo Mendes Pinto afirmam: a pergunta não deve ser “Quem foi Maria Madalena”, mas “Quem
foi sendo Maria Madalena”.
A verdade é que as narrativas sobre Maria Madalena foram sempre nebulosas, por vezes paradoxais. Porque os mitos têm essa faculdade orgânica de se irem adaptando aos tempos históricos, aos diversos contextos culturais, de mudarem as suas roupagens para sobreviverem no fundamental.

Este não é um livro religioso, mas um livro sobre História Religiosa. Mais propriamente, um livro que descreve e
analisa a história das narrativas sobre uma mulher que foi próxima de Jesus: Maria Madalena.
Numa apresentação sumária de quem estamos entregues neste livro: Maria Julieta Mendes Dias é formada em Ciência das Religiões e estudou Teologia; Paulo Mendes Pires é especialista e Professor em História das Religiões, com
particular investimento em Mitologia Antiga e Estudos Judaicos. Encontramo-nos bem entregues, portanto.
Em “Maria Madalena, a apóstola dos apóstolos” aprendi imenso. Aprendi que milhares de anos antes de Jesus ter
cruzado o seu caminho com Maria Madalena, já existiam mitos em que o herói-Senhor era amparado, chorado e aclamado por uma actriz secundária, ainda que omnipresente.
Se o judaísmo é o berço directo do cristianismo, o mundo da Roma que viu nascer Jesus e Maria Madalena – uma Roma que ia do Egipto à Germânia e, portanto, uma Roma íntima de muitas outras tradições – pulsa no Novo Testamento. Ou
seja, antigas e diversas tradições ecoam nas narrativas sobre a relação de Maria Madalena com Jesus. Os
evangelistas não podiam escapar ao caldo cultural em que viviam, as suas interpretações do mundo derivavam dele, e
muito antes do ano Um da nossa era, já o poder da prostituta e o poder da virgem estavam adquiridos como
estruturantes da ordem social. Como já aqui se sublinhou, os mitos derivam de pavores e desejos viscerais; os mitos
adaptam-se, transfiguram-se para perdurar. O cristianismo absorveu muito das tradições mitológicas anteriores.
Cito Maria Julieta Mendes Dias e Paulo Mendes Pires: “Interessante o quão atrás no tempo da memória colectiva as
ideologias vão buscar conteúdo.”

Depois, neste livro confirmei algumas das minhas perplexidades como leitora do Novo Testamento: Maria! A que
Maria se referem, em muitos passos, os Evangelhos? Há bastante mais que duas Marias nos Evangelhos e,
frequentemente, instala-se a dúvida. Historicamente, foi o Papa Gregório I, nos finais do séc. VI, a fixar os
arquétipos das duas Marias que haveriam de guiar o universo da cristandade: a mãe-virgem e a prostituta-arrependida. Ou seja, a identidade feminina no mundo ocidental (digamos assim, para simplificar) seria construída entre estas duas
baias. Sem nuances. Ironicamente, a estigmatização que passou a impender sobre Maria Madalena como prostituta haveria também de a aproximar dos crentes que se sabem pecadores. Maria Madalena sempre foi humaníssima. Terá sido por isso que a veneração a Maria Madalena – arrependida, redimida por amor – se propagou desde cedo.
Persistindo na construção da História (com H maiúsculo), os autores de “Maria Madalena, a apóstola dos apóstolos”
sublinham com argúcia um aspecto surpreendente: se Maria Madalena nasceu num mundo em que se acreditava que as mulheres eram, mais que subalternas, irrelevantes, como compreender a recorrência da presença de mulheres nos
Evangelhos? Como ler a reiterada presença de Maria Madalena ao lado de Jesus? A conclusão parece incontornável: Maria Madalena tem de ter sido relevantíssima para que os evangelistas, tão diferentes entre si, mas todos
participantes da mesma mundividência, não tenham podido apagá-las (às mulheres) e silenciá-la (a ela, Maria
Madalena) nas suas narrativas.
Por outro lado, e esta é uma aferição minha, Maria Madalena, a mulher e já não a figura narrada, tem de ter sido excepcional: é historicamente plausível que, sem tutela masculina, Maria Madalena tenha tomado a decisão de
seguir Jesus. No mundo judaico de há dois mil anos, comportou-se socialmente como se fosse um homem.
Excepcional, excêntrica são adjectivos adequados para descrever uma mulher que se comportasse assim.
Não por acaso, é no IV Evangelho, o chamado Evangelho de João, que Maria Madalena surge com mais protagonismo. É neste Evangelho que Maria Madalena é proclamada “a apóstola da ressurreição”. E nos Escritos Apócrifos Maria Madalena surge, invariavelmente, como uma figura importante nos primeiros tempos da igreja.
Aqui chegados, os autores de “Maria Madalena, a apóstola das apóstolas” analisam as razões que conduziram à
interrupção daquele que seria o natural e indiscutível protagonismo de Maria Madalena no seio da cristandade; e,
por inerência, digo eu, à interrupção do que seria o natural percurso paritário das mulheres dentro da igreja.
De Paulo o fervoroso convertido, mas notório misógino, a Constantino, o primeiro imperador romano a converter-se ao
cristianismo e a contaminá-lo de uma estrita lógica política, a edificação e a consolidação das estruturas hierárquicas da igreja vão aproximá-la (à igreja) cada vez mais do mundo secular, das conveniências sociais, das decisões  estratégicas, onde Maria Madalena é rasurada, maldita, quando não apagada, em favor de uma Virgem Maria,
puríssima, perfeitíssima, absolutamente inumana.

Mas quando as circunstâncias mudam, as narrativas das elites eclesiásticas e políticas (tantas vezes misturadas)
adequam-se.
Chegados à constituição dos reinos cristãos da Europa, aos séculos das cruzadas, a humaníssima Maria Madalena volta a emergir como poderoso instrumento na mobilização contra o inimigo comum: o Islão. É apenas um exemplo de como Maria Madalena, ao logo de dois mil anos, foi sendo iluminada ou obscurecida: dependeu sempre das circunstâncias, das conveniências de uma igreja estruturalmente masculina.

No final desta intensa leitura, termino quase como comecei: A História das narrativas sobre Maria Madalena é a História do lugar que foi sendo atribuído à humanidade das mulheres.
Ou seja, o lugar (as mais das vezes, o não-lugar) que foi sendo atribuído ao direito de as mulheres serem pecadoras e
arrependidas. A complexidade define a condição humana e não conhece género – há dois mil anos, Jesus agiu em
conformidade com este dado de realidade.
Neste capítulo, como em tantos outros, o testemunho de Jesus está mais que por cumprir no seio da própria igreja:
o testemunho (cito os autores) “radicalmente inclusivo” de Jesus é radicalmente traído pela igreja que se erigiu em
seu nome.
Sem nunca o chegarem a formular desta forma, Maria Julieta Mendes Dias e Paulo Mendes Pinto fornecem-nos dados
históricos para o concluirmos por nós próprios. Estão de parabéns.

24 Outubro 2023
Paula Moura Pinheiro

Palestra sobre «Modas e permanências do Islão (séc. XVI-XVII)» (26 out. ’23)

Anunciamos a próxima palestra do Seminário Permanente de Estudos Islâmicos, organizado pela Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, coordenado por Fabrizio Boscaglia, e cujo programa é possível consultar anexo a esta mensagem.

A escrava Briolanja: modas e permanências do Islão (séc. XVI-XVII)

Palestra com Franklin Pereira (ARTIS – FLUL)

Data e horário: 26 out. ’23 às 18h (quinta-feira, hora de Lisboa)

Via Zoom, palestra online visível em direto através deste link (https://videoconf-colibri.zoom.us/j/88353084579).

Acesso livre, sem inscrição

RESUMO

Nesta apresentação, Franklin Pereira refere Briolanja, «moça solteira, natural da cidade de Braga», escrava de Rodrigo Afonso, guadamecileiro de D. João III. A seguir, é abordado o caso de Lourenço da Costa, «mourisco dos de Granada, natural de Sevilha», outro escravo, vendido em Córdova com doze anos em cerca de 1585, escravo de um outro guadamecileiro com oficina na Rua dos Douradores, em Lisboa. A partir daqui, entramos no mundo dos couros de arte – de uso popular e erudito – onde se plasma uma herança do al-Andalus em Portugal, em safões, estofos e guadamecis.

O ORADOR

Franklin Pereira é investigador do ARTIS da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, sendo também colaborador do Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto. Realizou uma dissertação de mestrado sobre «O couro e o Islão na Península Ibérica» (Universidade do Minho, 2005). Foi bolseiro da Fundação Gulbenkian em 1997, realizando o estudo «Couros artísticos portugueses: um património esquecido»; teve patrocínio, em 1997, da Salaman Foundation/The Tool and Trades History Society (Inglaterra), tendo realizado e publicado o trabalho «Leather decoration tools of the Iberian tradition since the 13th century»; recebeu uma licença sabática em 1999-2000 para estudar as colecções de cadeiras lavradas do Paço Ducal de Vila Viçosa, Casa-Museu Egas Moniz, Casa-Museu Guerra Junqueiro e Museu de Viana do Castelo. Entre os livros da sua autoria, encontra-se O couro lavrado no mobiliário artístico de Portugal, O couro lavrado no Museu Municipal de Viana do Castelo, As cadeiras em couro lavrado e os guadamecis do Museu de Pontevedra, Ofícios do couro na Lisboa medieval (com prefácio de Cláudio Torres) e Um documento da Inquisição de Lisboa de 1610 (com prefácio de Vitor Serrão); tem vários artigos sobre os couros artísticos publicados em Portugal, Espanha, Noruega,  Nova Zelândia, Inglaterra e Estados Unidos. Recebeu treze prémios nas maiores exposições anuais de couros de arte nos Estados Unidos (1989-1994). Aprendeu a lavrar o couro com os últimos mestres portugueses da arte; em 1991 e 92 esteve em Córdova a aprender a técnica medieval islâmica do guadameci; sobre este tema proferiu palestras no MNAA, Mosteiro de Tibães, Museu de Viana do Castelo, Mestrado de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e abordou os guadamecis nos seminários «Nova Lisboa medieval» (FCSH-UNL, 2014) e «Sphera Mundi» (CCB, 2015).


O Seminário Permanente de Estudos Islâmicos é um ciclo de palestras na Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, coordenado por Fabrizio Boscaglia, em articulação com as atividades do centro de investigação LusoGlobe.

Para visualizar o Programa do Seminário Permanente de Estudos Islâmicos, clicar no cartaz anexo.

Palestra sobre o conceito de poesia luso-árabe (28 set. ’23)

Anunciamos a próxima palestra do Seminário Permanente de Estudos Islâmicos, organizado pela Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, coordenado por Fabrizio Boscaglia, e cujo programa é possível consultar anexo a esta mensagem.

Considerações sobre o conceito de poesia luso-árabe

Palestra com Catarina Nunes de Almeida (Centro de Estudos Comparatistas – FLUL)

Data e horário: 28 set. ’23 às 18h (quinta-feira, hora de Lisboa)

Via Zoom, palestra online visível em direto através do link

Acesso livre, sem inscrição

RESUMO

No campo literário, o conceito de “poesia luso-árabe” ganhou destaque em 1987, quando Adalberto Alves publicou uma colectânea de poemas intitulada O Meu Coração é Árabe: a Poesia Luso-Árabe, com textos de trinta e nove poetas do Gharb al-Andalus. Nesta apresentação procurarei discutir e problematizar este mesmo conceito. Em primeiro lugar, mostrarei como ele veio introduzir um discurso selectivo sobre o Gharb al-Andalus através da exaltação dos seus poetas e de aspectos significativos da sua cultura. Em segundo lugar, explicarei como este conceito abriu caminho a uma narrativa histórica baseada na construção de uma identidade portuguesa mais “autêntica”. Em terceiro lugar, debruçar-me-ei sobre poetas portugueses contemporâneos inspirados na poesia e na filosofia islâmicas: mostrarei que esta influência subtil tem transformado a tradição literária ao introduzir novas formas de compreender a escrita poética.

A ORADORA

Catarina Nunes de Almeida, (PhD, Universidade Nova de Lisboa, 2012) é Investigadora Auxiliar na Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, onde também lecciona em cursos de graduação e de pós-graduação. É membro integrado do Centro de Estudos Comparatistas desde 2012 e a investigadora responsável pelo subgrupo «ORION – Orientalismo Português» desde 2019. No CEComp desenvolve um projecto de pesquisa individual sobre «A Viagem ao Oriente na Literatura Portuguesa Contemporânea (1990-2020)». Antes de iniciar o doutoramento em Portugal, foi leitora na Universidade de Pisa (Itália) durante dois anos académicos (2007/2008- 2008/2009). Tem trabalhado sobretudo no âmbito do Orientalismo Português, da Literatura de Viagens e da Literatura Portuguesa Contemporânea. Publicou diversos livros, capítulos de livros e artigos sobre estas temáticas em volumes académicos e revistas indexadas. É também autora de seis livros de poesia.


O Seminário Permanente de Estudos Islâmicos é um ciclo de palestras na Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, coordenado por Fabrizio Boscaglia, em articulação com as atividades do centro de investigação LusoGlobe.

Para visualizar o Programa do Seminário Permanente de Estudos Islâmicos, clicar no cartaz anexo.

Saiu o novo número da AD AETERNUM

Já está disponível o Nº. 6 da revista de Teologia AD AETERNUM (referente ao 2º. Semestre de 2023), com a temática PENTECOSTALISMO(S), que reúne um conjunto de interessantes artigos e temáticas diferenciadas, e pode ser visualizada aqui:
https://revistas.ulusofona.pt/index.php/adaeternum

 

Este número da AD AETERNUM é dedicado à temática geral do(s) “Pentecostalismo(s)”. Assim como há quem defenda não ter existido apenas uma Reforma protestante mas várias, também o espectro religioso pentecostal, que conta com mais de 120 anos de existência, se apresenta sem uniformidade no chamado mercado religioso e distribuído hoje por múltiplas formas e representações.

 

Nesta edição o Prof. Sílvio Murilo M. de Azevedo faz uma análise exaustiva do pentecostalismo (e também do protestantismo em geral) na complexa realidade do país irmão, com o artigo “Pentecostais e protestantes no mercado e na mídia do Brasil contemporâneo”, prestando assim um valioso contributo para a fixação de doutrina sobre os diversos segmentos que compõem o campo religioso daquele país.

 

Vítor Rafael fala-nos depois no fenómeno do populismo religioso que vem ganhando espaço no universo cristão, e provocando uma espécie de curto-circuito entre a praxis comum e as respectivas bandeiras discursivas dos líderes religiosos populistas e a realidade do Evangelho, no artigo “As igrejas cristãs e o fenómeno do populismo na Europa: o rosto de um cristianismo ambíguo”.

 

O texto “ICMAV: um fenómeno pentecostal contemporâneo em Portugal” apresenta um estudo de caso de Carlos Alberto Rodrigues de Oliveira & Raquel Maria Nunes Rodrigues de Oliveira, sobre uma comunidade religiosa portuguesa de tradição pentecostal.

 

O Prof. Porfírio Pinto enriquece este número da revista com um interessante artigo sobre “A violência nos escritos bíblicos (II): em torno do conceito de hamas”, onde aborda a velha questão da violência presente no Antigo Testamento, e que tanta perplexidade tem provocado ao longo da história da fé cristã.

 

Margarida Macedo assina um trabalho muito interessante relacionando a Programação neurolinguística (PNL) com as características do discurso de Jesus Cristo no encontro com algumas figuras do Novo Testamento – “Metáforas terapêuticas: seria Jesus um contador de histórias terapêuticas?” – no qual defende a tese de que algumas figuras de estilo utilizadas pelo Mestre da Galileia, como as metáforas, teriam, afinal, uma insuspeitada finalidade terapêutica.

 

Finalmente esta edição da AD AETERNUM conclui-se com uma reflexão, diríamos mesmo, uma espécie de desafio pelo qual o Prof. José Brissos-Lino apela à necessidade e premência de a Europa se libertar de influências externas. Em “Pela (re)construção duma teologia europeia contemporânea num mundo global” propõe-se cortar as amarras e construir uma teologia verdadeiramente continental e contemporânea.

Todos estes textos procedem de um amplo estudo e resultam de investigação teológica do campo religioso, apresentando-se como propostas para uma reflexão que se deseja o mais alargada possível.

Palestra sobre Ḥadīth: tradição profética no Islão (31 ago. ’23)

Anunciamos a próxima palestra do Seminário Permanente de Estudos Islâmicos, organizado pela Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, coordenado por Fabrizio Boscaglia, e cujo programa é possível consultar anexo a esta mensagem.

O que é um Ḥadīth? Introdução à tradição profética no Islão

Palestra com Yasir Daud Aboobakr (Fundação Islâmica de Palmela).

Data e horário: 31 ago. ’23 às 18h (quinta-feira, hora de Lisboa)

Via Zoom, palestra online visível em direto através do link

Acesso livre, sem inscrição

RESUMO

Escreve o orador Yasir Daud Aboobakr: «O que é um Ḥadīth? Tudo o que se relaciona com o Profeta Muḥammad (ﷺ), o Profeta do Islão, pode ser considerado um Ḥadīth. Desde os seus ditos, suas práticas, suas aprovações e até mesmo as suas características. Os muçulmanos desde sempre esforçaram-se ao máximo para preservar os Aḥādīth do Profeta (ﷺ) e desde a época do Profeta há registos de escrita e preservação dos mesmos. Os Companheiros do Profeta preservaram os Aḥādīth através da memorização e também através da escrita e compilação. Os Aḥādīth foram transmitidos de geração em geração, sempre com uma corrente de narradores que os ligam até ao Profeta (ﷺ). Estas mesmas correntes foram objeto de análise para estabelecer a autenticidade de cada narrativa, em que é analisada a idoneidade de cada narrador. O texto do Ḥadīth também é analisado, para extrair as leis e os ensinamentos dos Profeta Muḥammad (ﷺ).»

O ORADOR

Yasir Daud Aboobakr, docente na Fundação Islâmica de Palmela, mestrando em Ciência das Religiões pela Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona em Lisboa, formado em Estudos Islâmicos no Darul Uloom Al Arabiya Al Islamiya Bury (Reino Unido), tem como áreas de interesse, entre outras, no contexto dos Estudos Islâmicos: Ḥadīth, Fiqh e Sufismo.


O Seminário Permanente de Estudos Islâmicos é um ciclo de palestras na Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, coordenado por Fabrizio Boscaglia, em articulação com as atividades do centro de investigação LusoGlobe.

Para visualizar o Programa do Seminário Permanente de Estudos Islâmicos, clicar no cartaz anexo.

Curso Online Estudo do Corpus Hermeticum: A Antiga Sabedoria Egípcia

Curso Online

Estudo do Corpus Hermeticum: A Antiga Sabedoria Egípcia

Textos do Corpus Hermeticum e outros textos atribuídos a Hermes Trismegistos

 

 

O hermetismo é uma tradição sapiencial que nasceu da culta civilização egípcia. Embora os textos filosóficos que se conservam estejam contidos fundamentalmente no Corpus Hermeticum, escrito na Alexandria dos primeiros séculos do cristianismo, podemos encontrar marcas desta sabedoria nos antiquíssimos textos das pirâmides. Magia, astrologia, alquimia, cabala, misticismo, são alguns dos afluentes da caudalosa corrente hermética; mas também as matemáticas, as ciências naturais, a química, a astronomia ou a medicina, possuem algo, na sua origem, deste saber hermético. Ao longo da história do Ocidente, o hermetismo defendeu a rutura com os dogmas e preconceitos, e empreendeu a busca de um conhecimento novo e mais profundo das coisas. Os sacerdotes egípcios, os filósofos gregos, os alquimistas medievais e, sobretudo, os artistas e pensadores do Renascimento, legaram um imenso acervo cultural à nossa civilização.

In Hermetismo e Rosacruz no Pensamento Humanista Ocidental

 

Inscrições e informações: rui.lomelino.freitas@gmail.com

Pós-graduação em História (PPGH) da Universidade Salgado de Oliveira

Pós-graduação em História (PPGH) da Universidade Salgado de Oliveira

“Teoria e Métodos nas pesquisas sobre História das Religiões e Religiosidades”

 

É com muito prazer que informo que serei docente na Pós-graduação em História (PPGH) da Universidade Salgado de Oliveira.

Com a Profa. Adriana Gomes e com o Prof. Dr. Jayme Ribeiro, oferecemos a “Teoria e Métodos nas pesquisas sobre História das Religiões e Religiosidades”.

A frequência desta cadeira é livre e online, pelo que todos se podem inscrever para nos acompanhar nesta importante deambulação por alguns dos autores mais importantes para o estudo das religiões.

Informações pelo email: pghistoria@nt.universo.edu.br

Paulo Mendes Pinto

Palestra sobre o poeta sufi Ibn al-Fāriḍ (27 jul. ’23)

Anunciamos a terceira palestra de 2023 do Seminário Permanente de Estudos Islâmicos, organizado pela Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, coordenado por Fabrizio Boscaglia, e cujo programa é possível consultar anexo a esta mensagem.

Ibn al-Fāriḍ: el sultán de los apasionados (576/1181-632/1235)

Palestra com Abdelkrim Ben-Nas (Universidad de Alicante)

Data e horário: quinta-feira 27 jul. ’23 às 18h (hora de Lisboa)*

Via Zoom, palestra online visível em direto através do link

Acesso livre, sem inscrição

*A comunicação será proferida em língua espanhola (castelhano), o debate irá decorrer em português e espanhol.

RESUMO

Si tuviera que elegir un solo poeta sufí árabe [afirma el orador Abdelkrim Ben-Nas], mi elección recaería, sin duda alguna, en Umar Ibn Al-Farid (El Cairo, 576/1181-632/1235). Pero, entre su producción, no es posible elegir solo un poema de su Dīwān. Quizás hubiera que elegir 3 o 4: “La Khamriyya” (Oda al vino), “La Tai’yya” (Poema del camino sufí) y (Sois mi deber y mi supererogación). Su poesía lo presenta como un sufí giróvago errante –y en cierto modo sí lo era–, sin embargo, dicho estado de rapto –o arrebato divino– no se produjo de forma súbita, sino como resultado de largos periodos de meditación en la práctica del retiro espiritual individual (khalwa), que iba precedida de una sólida formación en el hadiz. Es probable que Ibn Al-Farid sea el más poeta de los sufíes, pero es seguro que su poetría y sus poemas son los más sufíes de todos los poetas sufíes. Si la poesía sufí gira entorno al amor, la poesía de Ibn al-Farid es la expresión del amor desesperado.

O ORADOR

Abdelkrim Ben-Nas, Investigador Señor, Ayuda Margaritas Salas (MARSALAS22-04) financiada por la Unión Europea-Next Generation, en la Universidad de Alicante, 2023-ahora; Doctorado Mención Internacional (Cum Laude) en Estudios Árabes e Islámicos, UA, 2020; Máster en Enseñanza del Español en Contextos Multilingües e Internacionales (MULTIELE). (Beca Erasmus Mundus), Universidad de Deusto, Bilbao, 2015; Curso de Especialista en Traducción Árabe-Español, Escuela de Traductores de Toledo, 2013; Diploma en Estudios Avanzados (DEA), Estudios Árabes e Islámicos, UA, 2012; Licenciado en Ciencias Islámicas (Uṣūl al-Dīn), Universidad de Al-Qarawiyyīn, Tetuán/Moruecos, 1995. Ejes de interés: Sufismo, Historia del Sufismo, Sufismo en al-Andalus, Literatura Sufí y Traducción de textos religiosos.

 


O Seminário Permanente de Estudos Islâmicos é um ciclo de palestras na Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, coordenado por Fabrizio Boscaglia, em articulação com as atividades do centro de investigação LusoGlobe.

Para visualizar o Programa do Seminário Permanente de Estudos Islâmicos, clicar no cartaz anexo.

Apresentação do livro: Portugal e as Religiões. A herança da diversidade de Paulo Mendes Pinto.

CONVITE
Apresentação do livro:
 
Portugal e as Religiões. A herança da diversidade
de Paulo Mendes Pinto.
(edição dos CTT)
 
Dia 3 de Julho, pelas 17h, no auditório da Fundação Portuguesa das Comunicações.
image.png
Apresentação da Obra:
Com uma posição geográfica de transição entre grandes regiões e identidades humanas, o território que hoje é Portugal sempre foi um local de passagem, de encontro de gentes e de povos. Ao longo dos séculos, esta natureza tem permitido que, num pequeno território, coexistam diversidades imensas.
Também a diversidade religiosa é de uma riqueza muito grande em Portugal, fruto desta vocação de ser ponto de contacto, desde a mais remota Antiguidade, seja no universo politeísta ou no monoteísta, verificando-se uma tensão entre o diverso e o uno.
O volume Portugal e as Religiões estabelece um percurso que nos conduz desde a distante presença latina e do nascimento do Cristianismo, passando pela presença judaica e islâmica, mostrando-nos como de uma realidade de reconhecimento da diferença passamos a um quadro de intolerância e de perseguição inquisitória, com um fechamento espiritual muito forte.
Num tempo mais próximo, acompanhamos o regresso a um caminho de aceitação da diversidade, com a extinção da Inquisição, o renascimento das comunidades judaicas, a chegada das primeiras comunidades protestantes e, em pleno século XX, o aumento dessa diversidade, seja pela liberdade religiosa, seja pelas migrações.
De facto, depois de um processo de monolitização cultural, desde meados do século XX que Portugal apresenta uma diversidade religiosa significativamente grande. A par da restante Europa, o século passado trouxe uma variedade de grupos humanos, de culturas e de estilos de vida pouco usuais até então.
Contudo, Portugal era já, desde há milénios, um pleno terreno de proximidade e de intercâmbio cultural. Nesta fase mais recente, mais próxima de nós, apenas o sentimos com maior proximidade, com uma intensidade fruto de alterações políticas que fomentaram e propiciaram esses encontros.
Quer pela proximidade que as tecnologias e as comunicações possibilitam, quer por fenómenos como a chamada descolonização, hoje em dia, Portugal apresenta uma diversidade cultural e religiosa significativa, trazendo às nossas ruas um colorido e um mesclado que é marca da globalização.
Mais que plural em termos religiosos, apresenta-se como um exemplo para a restante Europa de como é possível conviver em harmonia. Comunidades cristãs, muçulmanas e judaicas trabalham lado a lado, acompanhadas por budistas, hindus, entre outras, são continuamente desafiadas para o campo do diálogo e da cidadania, numa dinâmica de respeito e paz que é ímpar e que importa valorizar e preservar.

Dia 1 JUL- Lançamento do Livro: Do Caos à Ordem: Ar, Água, Terra e Fogo. Criação, vida e morte nas tradições místicas e espirituais

Do Caos à Ordem:
Ar, Água, Terra e Fogo.
Criação, vida e morte nas tradições místicas e espirituais
Apresentação por José Manuel Anes.
Sábado, dia 1, na Livraria Verney, em Oeiras, pelas 15h.
Autores:
Paulo Mendes Pinto (org.)
José Manuel Pereira da Silva
Luís Larcher
Porfírio Pinto
Rui Lomelino de Freitas
Rui Oliveira
A edição é da Câmara Municipal de Oeiras.

Mulheres Poetas do al-Andalus – Palestra com Natália Nunes (29 jun. ’23)

Anunciamos a segunda palestra do novo ciclo do Seminário Permanente de Estudos Islâmicos, organizado pela Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, coordenado por Fabrizio Boscaglia, e cujo programa é possível consultar anexo a esta mensagem.

Mulheres Poetas do al-Andalus

Palestra com Natália Nunes (IELT e IEM – Universidade Nova de Lisboa / CH – Universidade de Lisboa).

Data e horário: quinta-feira 29 jun. ’23 às 18h (hora de Lisboa)

Via Zoom, palestra online visível em direto através do link

Acesso livre, sem inscrição.

RESUMO

Desde a época pré-islâmica que a figura do poeta teve um papel fulcral. Desta época, destaque para os “Poemas Suspensos”, escritos por diversos poetas e para o mito de amor que surge nesta época e que vai influenciar toda a literatura árabe, nomeadamente a literatura mística etambém a literatura ocidental. Mas, com o Islão (não, no início), a poesia continua a desenvolver-se com diversos poetas, nomeadamente no al-Andalus. A poesia tinha um papel muito importante na sociedade e foram muitos os poetas que se destacaram. Porém, algumas mulheres do al-Andalus ficaram famosas pela sua escrita, de entre elas, a poetisa Wallada. Para além das poetisas, destaque também para as escravas-cantoras que tiveram uma função de relevo na transmissão e preservação da poesia, sobretudo através dos círculos literários frequentados pelos poetas.

A ORADORA

Natália Maria Lopes Nunes, professora, doutorada em Literatura Portuguesa Medieval. Pós-Doutorada na área da Literatura Profana e Mística do Gharb al-Andalus. Autora de livros e de vários artigos, no âmbito da literatura medieval e do al-Andalus, do misticismo islâmico e cristão e da literatura tradicional/oral, assim como do legado árabe e islâmico. Na FCSH-UNL (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa), tem lecionado os cursos livres sobre “A Poesia do Gharb al-Andalus”, “A herança árabe e islâmica do al-Andalus”, “Introdução à Literatura Árabe do al-Andalus”, “História e Cultura do al-Andalus”. É ainda investigadora integrada do IELT
(Instituto de Estudos de Literatura Tradicional – patrimónios, artes e culturas) e colaboradora do IEM (Instituto de Estudos Medievais). Na FLUL (Faculdade de Letras de Lisboa), colaboradora do CH (Centro de História).


O Seminário Permanente de Estudos Islâmicos é um ciclo de palestras na Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, coordenado por Fabrizio Boscaglia, em articulação com as atividades do centro de investigação LusoGlobe.

Para visualizar o Programa do Seminário Permanente de Estudos Islâmicos, clicar no cartaz anexo.

Portugal e as Religiões – A herança da diversidade

Portugal e as Religiões

A herança da diversidade

(edição dos CTT, lançamento em breve)

 

Apresentação da Obra:

(ver ficheiro em anexo com a abertura de capítulos)

Com uma posição geográfica de transição entre grandes regiões e identidades humanas, o território que hoje é Portugal sempre foi um local de passagem, de encontro de gentes e de povos. Ao longo dos séculos, esta natureza tem permitido que, num pequeno território, coexistam diversidades imensas.

Também a diversidade religiosa é de uma riqueza muito grande em Portugal, fruto desta vocação de ser ponto de contacto, desde a mais remota Antiguidade, seja no universo politeísta ou no monoteísta, verificando-se uma tensão entre o diverso e o uno.

O volume Portugal e as Religiões estabelece um percurso que nos conduz desde a distante presença latina e do nascimento do Cristianismo, passando pela presença judaica e islâmica, mostrando-nos como de uma realidade de reconhecimento da diferença passamos a um quadro de intolerância e de perseguição inquisitória, com um fechamento espiritual muito forte.

Num tempo mais próximo, acompanhamos o regresso a um caminho de aceitação da diversidade, com a extinção da Inquisição, o renascimento das comunidades judaicas, a chegada das primeiras comunidades protestantes e, em pleno século XX, o aumento dessa diversidade, seja pela liberdade religiosa, seja pelas migrações.

De facto, depois de um processo de monolitização cultural, desde meados do século XX que Portugal apresenta uma diversidade religiosa significativamente grande. A par da restante Europa, o século passado trouxe uma variedade de grupos humanos, de culturas e de estilos de vida pouco usuais até então.

Contudo, Portugal era já, desde há milénios, um pleno terreno de proximidade e de intercâmbio cultural. Nesta fase mais recente, mais próxima de nós, apenas o sentimos com maior proximidade, com uma intensidade fruto de alterações políticas que fomentaram e propiciaram esses encontros.

Quer pela proximidade que as tecnologias e as comunicações possibilitam, quer por fenómenos como a chamada descolonização, hoje em dia, Portugal apresenta uma diversidade cultural e religiosa significativa, trazendo às nossas ruas um colorido e um mesclado que é marca da globalização.

Mais que plural em termos religiosos, apresenta-se como um exemplo para a restante Europa de como é possível conviver em harmonia. Comunidades cristãs, muçulmanas e judaicas trabalham lado a lado, acompanhadas por budistas, hindus, entre outras, são continuamente desafiadas para o campo do diálogo e da cidadania, numa dinâmica de respeito e paz que é ímpar e que importa valorizar e preservar.

Redes Sociais