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Hermetismo Renascentista: Curso de Verão em Lisboa
27 junho 2016

O Curso de Verão sobre Hermetismo Renascentista, organizado pela Área de Ciência das Religiões da ULHT, decorreu em Julho. Com um elenco variado e uma equipa de docentes diversa, o curso permite uma introdução a estudos mais especializados.
Coordenado por Rui Lomelino Freitas, este curso pretendeu oferecer uma formação introdutória que dote os alunos de ferramentas conceptuais e metodológicas que permitam um posterior aprofundamento numa área de especialização.
Esta formação permitirá aos alunos compreender, caracterizar e aprofundar um dos aspectos fundamentais da mundividência religiosa do Renascimento.
Além disso facilitará a compreensão do contexto em que se inserem as correntes espirituais a que num registo contemporâneo designamos sob o “chapéu” conceptual de “Esoterismo Ocidental”.
Âmbito
Estudos de Filosofia, Simbólica e História das Ideias, especialmente no âmbito das tradições gnósticas, herméticas e esotéricas, com aplicação aos estudos sobre humanismo, arte e religião.
Horário
Dias úteis, de 15 a 25 de Julho, das 18h00 às 21h00
Programa
Dia 15
18h00 Conferência inaugural
“Morrer para nascer: Morte e Iniciação no Hermetismo”.
José Manuel Anes
19h30
“O Hermetismo Renascentista no contexto dos estudos sobre o Esoterismo Ocidental”
Gabriel Mateus
Dia 16
18h00 “Rito e transmutação no hermetismo renascentista” Paulo Mendes Pinto
19h30 “Corpus Hermeticum e a Prisca Philosophia” Rui Lomelino Freitas
Dia 17
18h00 «Astrologia e Hermetismo: Marsílio Ficino, Pietro Pomponazzi e Giovanni Pico della Mirandola» Sandra Neves da Silva e Gabriel Mateus
19h30 Monas Hieroglyphica – do alquimista e ocultista John Dee Francisco Silva
Dia 18
18h00 Cabala e Alquimia de Franciscus Mercurius van Helmont e a Monadologia de Leibniz Francisco da Silva
Dia 21
18h00 As influências da filosofia hermética na Arte de Francisco de Holanda Filipe Silva
19h30 A Theosophia Cristã de Jacob Böhme. Bíblia, Experiência e Natureza: As três maneiras de conhecer a vontade de Deus Gabriel Mateus
Dia 22
18h00 "Taumaturgia e Magia Cerimonial" Francisco Silva
19h30 “Os Manifestos Rosacruzes: Canto do Cisne do hermetismo e aurora da era do espírito” Rui Lomelino Freitas
Dia 23
18h00 “A Philosofia Oculta de Heinrich Cornelius Agrippa (1533)” Francisco da Silva
19h30 “Cabala Cristã e Pitagorismo: Giovanni Pico della Mirandola e Johannes Reuchlinus”. Sandra Neves da Silva
Dia 24
18h00 “A Divina Forma Humana. Elementos da Fisiologia Oculta: Os órgãos fisiológicos e as suas funções espirituais; as potências no corpo humano; as relações com os astros; espiritualização e transmutação alquímica das funções e processos do corpo humano. Microcosmo” Gabriel Mateus
19h30 “Alquimia na 'Nação Hebrea' Portuguesa: Manuel Bocarro Francês e Benjamim Mussaphia”. Sandra Neves da Silva
Dia 25
18h00 “Paracelso e o Pensamento Analógico: Nova Teoria do Conhecimento?” Gabriel Mateus e Rui Lomelino Freitas
19h30 Conferência de Encerramento “De Alexandria ao Renascimento: Mitos, Fontes e Utopias” Paulo Mendes Pinto
Contexto
O curso de Hermetismo Renascentista insere-se no projeto do Núcleo de Estudos de Filosofia, Simbólica e História das Ideias Gnósticas, Herméticas e Esotéricas e será dado por uma equipa multidisciplinar de docentes e investigadores desta universidade.
Este curso irá preencher uma forte lacuna que se prende com o fraco conhecimento das “Fontes”: as aulas terão como característica principal o estarem centradas nas fontes primárias – obras filosóficas, teológicas, médicas, alquímicas e astrológicas – que caracterizam o hermetismo renascentista, como parte integrante do alvor do pensamento moderno.
A contextualização histórica ajudará a apercepção do hermetismo não como corrente subterrânea, secreta, ou marginal, mas absolutamente integrante do “mainstream” europeu entre os séculos XIV e XVII, na religião, na arte, e na ciência.
Os textos filosóficos que se conservam no Corpus Hermeticum, escrito na Alexandria dos primeiros séculos do cristianismo, possuem marcas de uma tradição sapiencial mais antiga.
Magia, astrologia, alquimia, cabala, misticismo, são alguns dos afluentes da caudalosa corrente hermética; mas também as matemáticas, as ciências naturais, a química, a astronomia ou a medicina, possuem algo, na sua origem, deste saber hermético.
Ao longo da história do Ocidente, o hermetismo defendeu a ruptura com os dogmas e preconceitos, e empreendeu a busca de um conhecimento novo e mais profundo das coisas.
Os sacerdotes egípcios, os filósofos gregos, os alquimistas medievais e, sobretudo, os artistas e pensadores do Renascimento, legaram um imenso acervo cultural à nossa civilização.
A aspiração renascentista por descobrir nas obras de tempos primordiais a verdade mais pura e próxima da Divindade colocou a obra hermética num lugar-chave.
Através desta aproximação aos mistérios herméticos, o homem ocidental obteve uma nova visão de Deus, da Natureza e do Homem, mais integradora.
A busca de uma nova harmonia universal, e o esforço por reunir num todo Religião, Ciência e Arte, fez com que o homem entrasse, com pé firme, na idade moderna.
A alquimia é por excelência a Ciência de Hermes.
Enquanto Arte, a alquimia só pode expressar-se através da imagem simbólica, ou da sua descrição, pois dirige-se a uma consciência que não é meramente lógica, mas, sobretudo, intuitiva: a Inteligência do Coração.
Neste contexto, a magia, a cabala e outras “ciências arcanas” fazem a nossa atenção incidir sobre as concepções de reinos naturais, celestes e divinos, tal como foram apresentados em textos e tratados de autores relevantes, que contribuíram para o seu desenvolvimento.